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Absorção

   A taxa de absorção dos canabinóides depende da via de administração e do tipo de produto de cannabis. Por exemplo, a inalação de fumo contendo THC permite uma biodisponibilidade sistémica que varia entre 10 e 35%, e alguns segundos após o início da inalação de marijuana, o THC pode ser detetado na corrente sanguínea, atingindo o seu pico de concentração em média 3 a 10 minutos. Pelo contrário, através da administração oral a absorção é lenta e o pico máximo de concentração plasmática é normalmente atingido após 60-120 minutos (Goldfrank, L. et al, 2011).

Gráfico 1: Concentração sanguínea do âˆ†9 - tetrahidrocanabinol (THC) ao longo do tempo baseado na via de exposição. Adaptado de Goldfrank et al. (2011)

Distribuição

   Os canabinóides são compostos lipofílicos, transportados pela corrente sanguínea ligados na sua grande maioria a lipoproteínas plasmáticas. O THC é inicialmente distribuído pelos tecidos altamente vascularizados como o fígado, rim, coração e músculo, acumulando-se depois no tecido adiposo. Há também uma distribuição significativa no cérebro que contribui para os efeitos a nível do SNC (Ashton, C., 2011).

Gráfico 2: Distribuição do ∆9 - tetrahidrocanabinol (THC) no corpo após uma única administração no plasma sanguíneo. Adaptado de Ashton (2001)

Metabolização

   Existem dois mecanismos principais de metabolização do THC que ocorrem maioritariamente a nível hepático: hidroxilação e oxidação através do citocromo P450 (principalmente CYP2C9 e CYP3A4). A via metabólica dos canabinoides é bastante complexa tendo sido identificados mais de 100 metabolitos para o THC. O principal metabolito ativo é resultante da hidroxilação do THC, dando origem ao 11-OH-THC que por sua vez é oxidado a THC-COOH (inativo). O metabolito de fase II mais relevante é resultante da glucorunidação do THC-COOH (Russo, E., 2013).

Figura 13: Principal metabolismo do THC. Adaptado de Russo (2013)

Excreção

   Como já foi referido anteriormente, o THC é rapidamente distribuído pelos órgãos altamente vascularizados e pelo tecido adiposo. Altos valores de clearance plasmática (760 a 1200 ml/min) explicam a rápida diminuição da concentração deste canabinóide na corrente sanguínea após a sua inalação (Gráfico 2). No entanto, a redistribuição para a corrente sanguínea é lenta devido a um equilíbrio entre as concentrações no plasma e no tecido adiposo. Assim, a completa eliminação do THC pode ocorrer até 5 semanas.

Os metabolitos do cannabis são excretados pela urina (20-35%) e pelas fezes (65-80%). Em 5 dias o THC foi praticamente todo eliminado pelo organismo (80-90%) sob a forma de metabolitos hidroxilados e carboxilados (Russo, E., 2013).

Referências:

​

  • Ashton, C. H. (2001). Pharmacology and effects of cannabis: a brief review. The British Journal of Psychiatry, 178(2), 101-106. 

  • Goldfrank, L., Hoffman & R., Lewin, N. (2011). Toxicologic emergencies. 9th ed. New York, N.Y.: McGraw-Hill Medical, p.1177.

  • Russo, E. B. (2013). Cannabis and cannabinoids: pharmacology, toxicology, and therapeutic potential. Routledge.

Farmacocinética

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